quarta-feira, 13 de julho de 2011

A MATANÇA DO PORCO

No passado, a vida nas aldeias tinha poucos atractivos para os curtos tempos de lazer. Sem TV e com pouca Rádio, poucos jornais, uns bailaricos, a festa anual e as tradicionais eram completados pela matança do porco, levada a efeito em quase todos os lares. Era pretexto para convidar familiares, amigos, e os vizinhos mais chegados.

Aproveitavam-se de preferência os sábados e os domingos para a faina, que se prolongava por quase dois dias. O porco que não comera no dia anterior, era trazido atrás do milho, que se lhe ia facultando, até ao local da “cerimónia”, onde era agarrado pelos ajudantes do matador, prostrado e imobilizado em plano inclinado, a fim de permitir a acção do matador. O(a) porco(a), bastante contrariado(a), colaborava mas berrando até poder. Aí o matador, especializado, espetava-lhe um facalhão apropriado na garganta, atingindo-lhe o coração, e o sangue, que brotava para um alguidar, onde era recolhido para utilizações posteriores, parte coalhado e parte em estado líquido. Acabado o berreiro e o sangue, chamuscava-se o porco com carquejas a arder para lhe queimar as crinas. Seguia-se a estona, normalmente feita com uma telha de caleira, e a lavagem e a tiragem das unhas, que eram distribuídas pelos cães que assistiam à cerimónia. Seguia-se o desmanche que começava pelo corte da goela, depois de atado o seu prolongamento de molde a evitar que o conteúdo das tripas se espalhasse. A goela recheada de fêveras era grelhada e servia de petisco ao primeiro copo de tinto. De seguida, aparecia uma travessa de sangue cozido e temperado com azeite, vinagre e alho picado que, posta em cima do “cadáver”, servia de petisco para o segundo copo. Os petiscos eram acompanhados com “triga-milha” feita de véspera especialmente.

Seguia-se o desmanche. Com os jarretes enfiados num chambaril, o porco era içado e pendurado numa trave da loja, para onde entretanto tinha sido trazido de modo a que o focinho ficasse a 40 ou 50 cm do chão, colocando-se por baixo um alguidar para recolher o sangue que ainda ia escorrendo.

De seguida, procedia-se a tiragem das tripas para despejar e lavar convenientemente para futura utilização nos enchidos. Previamente haviam sido também atadas junto ao recto (a parte cortada era um bom petisco para cão presente). Seguia-se a recolha das miudezas que seriam incorporadas no arroz do almoço. Já era fácil sacar umas febras para assar com vista a mais um copo (nesta altura já havia quem estivesse com um alegrete). O matador recolhia então as carnes e gorduras destinadas aos enchidos. Os chispes, as pás, a cabeça e algum toucinho eram retirados e salgados para inclusão no cozido do almoço. Seguia-se o saque das pás e dos presuntos para salgar, e os lombos para assar no forno e preservar em banha para utilização futura. Restava desmanchar a coluna. As costeletas e a carne entremeada já faziam parte da ementa do jantar.

Com tudo isto, quando o grupo era grande, metade do porco estava comida. Nas casas mais abastadas matavam-se dois ou três porcos por ano, durante o Inverno. Naquele tempo não abundavam os frigoríficos e as arcas frigoríficas ainda não teriam sido inventadas, o acesso à carne de vaca não era fácil, uma vez por semana havia sardinha fresca e a que restava era salgada, de forma que o porco era o grande complemento das aves, coelhos, caprinos e ovinos.

domingo, 1 de maio de 2011

USOS E COSTUMES

Relembrando velhos costumes passados à história…

A Quaresma

Passado o Carnaval, em que com mais ou menos fantasia se dava “ar à pluma”, seguia-se a Quaresma que era tempo de recolhimento até Sábado de Aleluia pelas 10h00 da manhã, período com várias restrições incluindo a ingestão de carne (salvo se fosse paga a bula à paróquia) e os bailes também ficavam suspensos.
A juventude usava “Enganchar”, rapariga e rapaz enlaçavam os dedos mindinhos das suas mãos direitas recitando a ladainha: “Pelas almas rezaremos e quem por elas não rezar ao inferno vai parar!”
Posto isto todos os dias, quando se encontravam, o que primeiro se apercebia mandava rezar o outro e “ficava por cima” como se dizia. À medida que a Quaresma ia chegando ao fim o período de mandar rezar deixava de ser diário até que a partir da Sexta-feira Santa era “esconder e mandar”. Quem ficava por cima ganhava direito a receber as amêndoas. Os enganchados ficavam compadres e não raras vezes acabavam namorados e até casados.
Quando dificilmente se descortinava quem tinha sido o primeiro a mandar rezar, era frequente surgir o desabafo: “Reza tu que eu já rezei, vai às… (urtigas) que já te mandei!”.
Entretanto havia a missa do Domingo de Ramos em que os jovens compareciam com ramos de oliveira às costas enfeitados à semelhança dos ramitos das Quintas-feiras da Espiga.

sábado, 23 de abril de 2011

COSTUMES

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Figuras

Maria José Simões, mais conhecida por Maria José da capela, devido a proximidade da mesma - na altura situada perto de onde agora se encontra o coreto, desempenhou com grande eficiência as funções de parteira até ao 2º quarto do século passado na Pode de Mucela e redondezas, o que a obrigava a grandes caminhadas, que fazia e com grande ligeireza, dados os condicionamentos financeiros de então serem restritivos à obtenção de transportes.

Naquele tempo as notícias não tinham grandes facilidades de trânsito (poucos telefones, pouca circulação de jornais, poucos rádio receptores e tv nem cheirava) o que naturalmente acabou por endossar à nossa parteira a função de mensageira, que também levava a cabo com grande prontidão e eficiência.

sábado, 19 de março de 2011

IRRACIONAIS…

IRRACIONAIS…

Quando os sábios confirmam que os animais ditos irracionais, aos quais só era atribuído instinto, têm sentimentos e emoções, recordamos que era habitual comparar os estúpidos com galinhas!

A propósito vamos recordar uma galinha que conhecemos há muitos anos, à volta de 60: na verdade a TUNÍSIA, assim foi chamada a dita galinha, considerada criatura não grata na respectiva capoeira, era frequentemente agredida pelos outros habitantes e tinha grande dificuldade em alimentar-se, resultando um estado lastimável.

Retirada da capoeira, tratada e acarinhada dedicou-se de tal modo ao tratador que o seguia com fidelidade canina e corria em acelerado quando chamada!

A TUA TERRA NÃO VEM NO MAPA !

A TUA TERRA NÃO VEM NO MAPA !

É expressão muito usada quando se pretende apoucar algo. Acontece que a PONTE DE MUCELA vem no mapa do Automóvel Clube de Portugal. E porquê? Já lá vão à volta de 60 anos que foi levado a efeito um rali, cujo programa incluía o pequeno almoço, de madrugada, no Café- Restaurante Beira-Alva. Foi sem dúvida um acontecimento de grande projecção publicitária para a Ponte de Mucela e para o seu estabelecimento que então gozava de grande reputação. Daí resultou que a Ponte de Mucela passou a vir no mapa!
Também o mapa de 2011 da Optimus inclui a PONTE DE MUCELA!

Factos

Está em marcha a revitalização da União da Ponte de Mucela – Solidariedade e Progresso. Em Assembleia Geral levada a efeito em 31 de Outubro p. p. foram eleitos os respectivos corpos sociais que ficaram assim constituídos:

Mesa da Assembleia Geral – Presidente – José Carlos Serra Henriques
1º Secretário – Carlos Alberto Serra dos Reis
2º Secretário – Artur Jorge Henriques Gândara

Conselho Fiscal – Presidente – António Ribeiro Pedroso de Lima
1º Vogal - António Conceição Carvalho
2º Vogal – António Serra dos Reis

Direcção – Presidente – João António Santos Lucas
Vice – Presidente – Abel dos Santos Lopes
Secretário – Lino Serra dos Reis
Tesoureira – Ivone Sofia Pereira Ferreira
1º Vogal – Carlos Manuel dos Santos
2º Vogal – Arlindo Santos Teixeira
3º Vogal – José António Lomba Lucas

Acontecimentos

A estrada é esta?

Há cerca de 70 anos as viagens aéreas eram muito caras e, principalmente as pessoas menos evoluídas receavam voar. Daí um nosso bom conterrâneo resolvendo emigrar para o Brasil tratou de viajar, mas de barco.
Rumou a Lisboa até á gare marítima de Alcântara, onde ao ver a largura do rio Tejo e o tamanho do transatlântico disse quem o acompanhava: mas a estrada é esta e o carro é este? Lúcio Trindade não vai! Regressou à sua aldeia!

Acontecimentos

Não “não tanho cunque”

Há mais de 65 anos nas redondezas da Ponte de Mucela dois irmãos apanharam uma coelhita que meteram numa caixa, daquelas que na altura se usavam para o transporte de 12 latas de litro de óleo para viaturas, a que haviam tirado a tampa que substituíram por uma rede. A coelhita dispunha de pouco espaço e os manos não deixavam que lhe faltasse alimento. Resultado? A coelha foi crescendo e engordando muito. A páginas tantas um dos irmãos disse: Minha mãe a coelha está “pranha”. Só se foste tu que a “empranhaste”. Eu? Foi mas foi “vomecê”. Quem? eu? Eu não “tanho cunque”

Acontecimentos

Rancho Folclórico

Por volta de 1945 havia na Ponte de Mucela um rancho que competia com os existentes nas redondezas que por norma se exibiam aquando das festas. O rancho tinha hino de que recordamos em parte:
A mocidade da Ponte de Mucela
Dá muito brilho à sua TERRA
Sempre a cantar por toda a parte
Toda a beleza que ela encerra