quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Factos

Café Restaurante Beira Alva

Nascido em 1886, baptizado por volta de 1940 e na gestão da mesma família até 1976, foi durante muitos anos o único restaurante entre Coimbra e Venda de Galizes, gozando de famosa reputação: a chanfana, o bucho, o cozido à portuguesa e as sandes de vitela assada eram muito procurados.


Travões de espia

Obrigavam a frequentes afinações e, mesmo assim, pouco eficientes, mais tarde substituídos pelos travões hidráulicos. Descia a serra uma camioneta de carga que, já perto da Portela, perante a surpresa de um rebanho, não conseguiu parar sem atropelar e matar umas tantas cabeças. O motorista saindo da viatura disse para o pastor: ai Jesus quem há-de comer tanta carne? Seu filho …da mãe, quem há-de pagá-la? Quem a coma não falta!

Figuras

A bruxaria

Nas vizinhas aldeias de Moura Morta, Mucela e Barreiro e nas décadas de 30 a 60, estiveram em grande evidência as respectivas bruxas com destaque para Palmira da Moura Morta, cuja clientela era superior à de ambas as concorrentes. Nada pedia aceitando o que lhe era dado, mas mesmo assim, dava para manter bem a família mais chegada. A grande clientela dava muito movimento à Ponte de Mucela, já que a quase totalidade dos visitantes aqui descia e retomava transporte. Não dispondo de grandes meios e trazendo farnel, sempre comiam umas sopas e tomavam umas bebidas. Também em São Miguel de Poiares havia um bruxo muito frequentado.


Clementina Lobo

A Clementina Loba – como era conhecida - foi trabalhar para Coimbra donde regressou casada com um engraxador conhecido por Cates que desconhecendo as actividades agrícolas abraçou as caseiras, ficando a Clementina com o tratamento das terras. Tinham os seus desentendimentos e por vezes para além da barulheira o Cates tosava a mulher que, procurando iludir quem os ouvia, ia dizendo oh Abílio deixa-te dessas brincadeiras de estudante!
Sem herdeiros deixaram os bens ao casal Paredes que gerou uma simpática e considerada família.


A aspirina salvou lhe a vida

De Sabouga para Angola rumou um dos irmãos Ferreira, pai de numa reputada locutora da rádio (Iolanda Ferreira se a memória me não trai) e de AUGUSTUS, hoje uma figura de projecção no mundo da moda, dedicando-se ao negócio de madeiras em zona das mais activas visando a independência. O simpático Ferreira com quem tive bastante contacto em Luanda andava sempre munido de comprimidos de aspirina que ministrava a todos os nativos que se queixavam de dores. Aprisionado por desconhecidos e prestes a ser fuzilado, surgiu um seu beneficiário que gritou: não
mata, é bom branco!


Acompanhamento diminuto

O Pinto de Vale do Tronco rumou a Moçambique na sua juventude. Para além dos meios que lhe permitiram uma vida sem dificuldades aparentes aprendeu a fazer cerveja, que gostava de oferecer aos amigos. Era uma companhia agradável e foi dos primeiros motorizados da região, que por volta de 1940 já se fazia transportar de motocicleta. Não ia a funerais e inquirido respondia invariavelmente que o defunto(a) também não iria ao seu! Quando chegou a sua vez, a cerimónia fúnebre circunscreveu-se à família mais chegada!


Fulano e Fulana

Ele imigrou para o Brasil deixando mulher e descendência na Ponte de Mucela, onde foram vivendo como podiam. Quando regressou anos depois considerou-se de estatuto superior à família, a tal ponto, que contava a quem queria ouvir que dormia na cama e a mulher dormia na palhota que tinha lá no quarto. Aquando lhe apetecia convocava fulana vem cá e ela vem, depois do serviço acabado determinava, fulana vai para a palhota e ela vai!



Augusto Alípio


Era conhecido por Augustolípio, proprietário de grande parte do terreno entre o fundo de Mucela e a Valeira, que arroteava com dedicação. Gostava do seu copito e por vezes agia em consequência. Em determinado ano a sua cultura de gramíneas foi excepcional e, em contra partida, não conseguiu ceifeiras para a colheita. Perdeu a estribeira e incendiou a seara! Ao grito de acudam ao incêndio as forças vivas reagiram imediatamente, especialmente as mulheres que estavam mais próximo. Sob os efeitos etílicos, o Augustolípio gritou: suas cabras para ceifar não tinham tempo, mas agora têm; deixem arder que é meu e investiu com o bordão que trazia consigo!


Francisco Simões Alípio


Filho do Augustolípio era conhecido por Chico do Concelho, era um trabalhador inveterado mas não gostava de calor e de verão era frequente trabalhar de noite à luz de uma candeia. Como não gostava de desperdiçar o tempo quando lhe apetecia urinar aguardava a altura de ter que mudar a candeia para o fazer!