quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Factos

Café Restaurante Beira Alva

Nascido em 1886, baptizado por volta de 1940 e na gestão da mesma família até 1976, foi durante muitos anos o único restaurante entre Coimbra e Venda de Galizes, gozando de famosa reputação: a chanfana, o bucho, o cozido à portuguesa e as sandes de vitela assada eram muito procurados.


Travões de espia

Obrigavam a frequentes afinações e, mesmo assim, pouco eficientes, mais tarde substituídos pelos travões hidráulicos. Descia a serra uma camioneta de carga que, já perto da Portela, perante a surpresa de um rebanho, não conseguiu parar sem atropelar e matar umas tantas cabeças. O motorista saindo da viatura disse para o pastor: ai Jesus quem há-de comer tanta carne? Seu filho …da mãe, quem há-de pagá-la? Quem a coma não falta!

Figuras

A bruxaria

Nas vizinhas aldeias de Moura Morta, Mucela e Barreiro e nas décadas de 30 a 60, estiveram em grande evidência as respectivas bruxas com destaque para Palmira da Moura Morta, cuja clientela era superior à de ambas as concorrentes. Nada pedia aceitando o que lhe era dado, mas mesmo assim, dava para manter bem a família mais chegada. A grande clientela dava muito movimento à Ponte de Mucela, já que a quase totalidade dos visitantes aqui descia e retomava transporte. Não dispondo de grandes meios e trazendo farnel, sempre comiam umas sopas e tomavam umas bebidas. Também em São Miguel de Poiares havia um bruxo muito frequentado.


Clementina Lobo

A Clementina Loba – como era conhecida - foi trabalhar para Coimbra donde regressou casada com um engraxador conhecido por Cates que desconhecendo as actividades agrícolas abraçou as caseiras, ficando a Clementina com o tratamento das terras. Tinham os seus desentendimentos e por vezes para além da barulheira o Cates tosava a mulher que, procurando iludir quem os ouvia, ia dizendo oh Abílio deixa-te dessas brincadeiras de estudante!
Sem herdeiros deixaram os bens ao casal Paredes que gerou uma simpática e considerada família.


A aspirina salvou lhe a vida

De Sabouga para Angola rumou um dos irmãos Ferreira, pai de numa reputada locutora da rádio (Iolanda Ferreira se a memória me não trai) e de AUGUSTUS, hoje uma figura de projecção no mundo da moda, dedicando-se ao negócio de madeiras em zona das mais activas visando a independência. O simpático Ferreira com quem tive bastante contacto em Luanda andava sempre munido de comprimidos de aspirina que ministrava a todos os nativos que se queixavam de dores. Aprisionado por desconhecidos e prestes a ser fuzilado, surgiu um seu beneficiário que gritou: não
mata, é bom branco!


Acompanhamento diminuto

O Pinto de Vale do Tronco rumou a Moçambique na sua juventude. Para além dos meios que lhe permitiram uma vida sem dificuldades aparentes aprendeu a fazer cerveja, que gostava de oferecer aos amigos. Era uma companhia agradável e foi dos primeiros motorizados da região, que por volta de 1940 já se fazia transportar de motocicleta. Não ia a funerais e inquirido respondia invariavelmente que o defunto(a) também não iria ao seu! Quando chegou a sua vez, a cerimónia fúnebre circunscreveu-se à família mais chegada!


Fulano e Fulana

Ele imigrou para o Brasil deixando mulher e descendência na Ponte de Mucela, onde foram vivendo como podiam. Quando regressou anos depois considerou-se de estatuto superior à família, a tal ponto, que contava a quem queria ouvir que dormia na cama e a mulher dormia na palhota que tinha lá no quarto. Aquando lhe apetecia convocava fulana vem cá e ela vem, depois do serviço acabado determinava, fulana vai para a palhota e ela vai!



Augusto Alípio


Era conhecido por Augustolípio, proprietário de grande parte do terreno entre o fundo de Mucela e a Valeira, que arroteava com dedicação. Gostava do seu copito e por vezes agia em consequência. Em determinado ano a sua cultura de gramíneas foi excepcional e, em contra partida, não conseguiu ceifeiras para a colheita. Perdeu a estribeira e incendiou a seara! Ao grito de acudam ao incêndio as forças vivas reagiram imediatamente, especialmente as mulheres que estavam mais próximo. Sob os efeitos etílicos, o Augustolípio gritou: suas cabras para ceifar não tinham tempo, mas agora têm; deixem arder que é meu e investiu com o bordão que trazia consigo!


Francisco Simões Alípio


Filho do Augustolípio era conhecido por Chico do Concelho, era um trabalhador inveterado mas não gostava de calor e de verão era frequente trabalhar de noite à luz de uma candeia. Como não gostava de desperdiçar o tempo quando lhe apetecia urinar aguardava a altura de ter que mudar a candeia para o fazer!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

FACTOS

FACTOS

Como já é do nosso conhecimento, sediados na Ponte de Mucela existiram três camionetas de aluguer para transporte de mercadorias e um automóvel também de aluguer (hoje denominado táxi, como então já o era nas cidades). Recordo que curiosamente a pequenada – que nessa altura abundava – dizia com frequência: Caetano Martins Ribeiro tem três camionetas e um carro ligeiro!

Duas das camionetas eram normalmente utilizadas em longo curso em especial no transporte de madeira. Muitas centenas de milhares de toneladas foram para as cofragens do Arieiro (em Lisboa) e de Almada, tendo como um dos maiores clientes o conterrâneo Mário da Costa Bica, que entretanto se tornou um grande construtor. No retorno geralmente carregavam víveres para Coimbra. Na altura estudante em Lisboa utilizava com frequência as suas boleias nas viagens de férias, daí o meu conhecimento dos factos, não podendo deixar de salientar que o transporte das dádivas da CÁRITAS para Coimbra era feito Gratuitamente. A camioneta mais pequena era utilizada regionalmente, por vezes recolhendo carga para as demais outras transportando lenha para Coimbra.

No início da II Grande de Guerra ao avanço dos alemães correspondia a fuga de pessoas e bens em grande parte via Portugal. O ouro não foi excepção e o prestígio de Caetano Martins Ribeiro foi evidente ao ser lhe fretada uma camioneta para o respectivo transporte da fronteira do Caia para o Banco de Portugal, missão levada a cabo pelos José Moura e Manuel Coelho, de boa memória, missão essa que perdurou, não me sendo agora possível recordar por quanto tempo. Dado o valor transportado, 2 elementos da guarda (republicana ou fiscal, não me recordo) com as armas devidamente municiadas, faziam parte da tripulação em cima da carga: 2,5 toneladas de ouro (se fosse hoje seria preciso um batalhão!)
Durante a guerra – 1939/45 – as dificuldades na obtenção de produtos foram surgindo gradualmente, com especial incidência para os de importação. As carências foram tantas que impuseram um sistema de racionamento e deram origem ao desenvolvimento do mercado negro onde as “cunhas”, à boa maneira portuguesa, imperaram. Desde os víveres aos combustíveis e pneus tudo era contrabandeado. Assim surgiram os motores a carvão – gás pobre ou gasogénio – e os mouchões (pedaços de pneu aparados) quantas vezes suportados por parafusos de cabeça de tremoço introduzidos nos pneus através de furos feitos com ferro em brasa.

Houve que transformar uma das camionetas de longo curso – a carvoeira – que chegou a ser a única em funcionamento, mesmo assim suficiente para evitar despedimentos. Era mais lenta e mantê-la em bom funcionamento era trabalho penoso e sujo.

Recordo-me que em determinada altura foram atribuídos pelo referido racionamento dois pneus para a frente de uma das camionetas de longo curso o que deu lugar festa com música, foguetes e espumante!

Numa manhã de Domingo ou feriado o Moura afinava os travões da LF (BEDFORD de longo curso) em frente da garagem e, pensando que o ajudante ainda ali estava disse” Manel carrega aí no travão”mas ajudante tinha-se afastado e, por azar, passava outro Manuel que por ignorância carregou no pedal da embraiagem e o peito do Moura ficou a calçar a camioneta, dado o declive, mal podendo gritar e com os olhos a saltar das órbitas. Transportado imediatamente para Coimbra e a despeito do seu mau estado o Moura sobreviveu para grande alegria dos seus muitos amigos. Dias depois foi recebido com música e foguetes. O Octávio, proprietário da Venda, pôs à disposição geral um barril de 200 litros de vinho e um saco com 50 kg de tremoços. Foi comer e beber até fartar!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

terça-feira, 27 de julho de 2010

Figuras

- Maria José de Matos Ribeiro

Filha de Manuel da Silva Matos, oriundo do Louriçal e fundador da Estalagem (mais tarde a pensão, café restaurante Beira Alva) foi talvez a figura mais carismática da Ponte de Mucela, nascida em 1858 e falecida em 1940.

Teve uma vida atribulada, em 1918 morreram-lhe dois filhos, um em casa e outro no Brasil, para onde tinha emigrado, poucos anos depois morreu-lhe a nora, Maria Carmina Morgado, que tinha assumido o controle da actividade comercial, e em 1926 morreu-lhe o marido, ficando a testa do negócio com três netos para acabar de criar.

Tempos depois, viu-se a braços com uma acção judicial movida pelo neto por afinidade, entretanto regressado do Brasil, sem qualquer razão, como veio a provar-se em juízo. Mas até que tivesse provado a sua inocência ficou privada de todos os haveres, arrestados pelo tribunal.

A tudo resistiu com estoicismo e dignidade, desenvolvendo a actividade comercial e criando e casando os netos. Era pessoa de sólida educação e muito respeitada por todos, sendo mesmo muitas vezes procurada na esperança de ouvir o seu concelho avisado.

De cabeça integralmente branca era uma veneranda figura.

- Juiz Desembargador Jaime Nunes Serra foi, no século xx, o mais ilustre filho da Ponte de Mucela. Muito respeitado, gozava de geral simpatia.

- José Paula Serra, neto de Manuel Serra e filho de José Serra Campos pessoas de referência no seu tempo, foi o único descendente directo a fixar se na Ponte de Mucela, já que os irmãos António, Manuel e Maria emigraram para o Rio de Janeiro, e embora cá tivessem vindo algumas vezes por lá ficaram.

Desenvolveu as actividades do pai: fabricação de cal preta e comércio por grosso de madeiras, vinhos e derivados. Trabalhador dedicado e franco alinhou com os já nossos conhecidos Caetaninho, Octávio e Álvaro no desenvolvimento local. Deixou-nos ainda novo (final da década de sessenta com menos de 45 anos) fazendo por ignorar o seu débil estado de saúde, deu prioridade ao trabalho. Muito haveria a esperar de si. Deixou muitas saudades.

- Madalena Simões Coimbra, mais conhecida por Leninha era uma mulher de armas que muito apreciei. Após largos anos no Rio de Janeiro, regressou à Ponte de Mucela onde abraçou as actividades deixadas por seu pai, António Joaquim Coimbra (Marinheiro) moagem de cereais, lagar de azeite e agricultura. Mulher desenrascada foi também pessoa local de referência contribuindo para o desenvolvimento da sua terra. Gostava de jogar a Sueca alinhando com os Octávio e Caetaninho com os quais mantinha relação franca. Reconhecendo as suas qualidades Octávio apelidou a de Fortaleza.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

FACTOS

Os bailes da Ponte eram dos mais frequentados das redondezas. Desde muito pequenos recintos foram evoluindo até chegarem à garagem do Caetaninho. Das instalações mais exíguas estou a recordar uma sala do Joaquim Pereira com menos de 20 metros quadrados e da do Zé Marques da Carvalheira com 40 ou mais, alumiadas a petróleo ou gasómetro e mais tarde a petromax. Os proprietários vendiam café e aguardente no Inverno e refrescos no Verão a fim de angariarem uns tostões para a luz e não só. Para os Músicos faziam-se peditórios ou sorteios. Também os animadores foram diversos do Almeida da Sobreira, mais conhecido pelo Cego da Sobreira, com a sua guitarra e a sua voz, ao Albano barbeiro com a sua flauta, a variados bandolinistas e ao Perna Marota de Paradela com o seu bandolim, acompanhado á viola pelo António dos Santos, também conhecido pelo António da Justina (taxista em Lisboa que devido à carência de gasolina e pneus durante a 2ª Grande Guerra se viu obrigado a recolher a Paradela) à viola que bem dominava e também cantava.


Mais tarde começaram a aparecer os conjuntos e a animação era redobrada. O mais antigo talvez tenha sido a Tuna do Travasso.

Octávio também era um bom animador organizando concursos e danças especiais, como por exemplo as restritas a animais em que as alcunhas é que definiam quem tinha direito a entrar na roda: burros, bichos, pegas, macacos, etc.

FACTOS

Há mais de 50 anos a Ponte de Mucela foi presenteada com uma figura de projecção nacional que como é óbvio agitou as gentes sempre prontas a badalar…


Octávio numa das suas frequentes idas a Arganil foi interpelado por uma senhora – felizmente ainda viva – muito reputada no meio oficial que queria tirar nabos da púcara! Octávio que não era de fofocas respondeu negativamente ás questões com que foi bombardeado: a única coisa que sei e que ela é muito bem “empernada”! Oh Sr. Octávio há coisas que não se dizem! Pois há, mas também há coisas que não se perguntam!

FACTOS

À volta de 60 anos atrás numa tarde de Domingo a Ponte de Mucela estava cheia de gente, como era então habitual.


Talvez sob os efeitos de vapores etílicos surgiu um desentendimento entre 2 comparsas que tomando-se de razões entraram em vias de facto e, o mais novo projectou o contendor do muro na calçada um pouco abaixo da casa do Zé Alfaiate. Apesar de tão grande trambolhão com mais de 7 metros a vítima com mais de 50 anos sobreviveu.

Octávio e Caetaninho jogavam a sua bisca de 9 e perante o alarido e apercebendo-se do que se tinha passado Octávio telefonou por uma ambulância para a vítima e Caetaninho afoitou o Cabo de Ordens, já nosso conhecido, a dar ordem de prisão ao contendor em presença que de imediato agrediu a autoridade e se preparava para fugir. Caetaninho fez uso da sua pesada direita de tal maneira persuasiva que o contendor disse logo ao senhor Caetaninho que não precisava repetir porque não fugiria!

FIGURAS

Dr. Martins Vicente



Há mais de 60 anos médico em Poiares onde foi também Presidente da Câmara Municipal era um humanista, não cobrando consultas – mesmo ao domicílio – quando pressentia dificuldades. Nas deslocações à Ponte de Mucela tinha que usar carro de aluguer o que na maior parte das vezes complicava as coisas. Em face da situação Octávio encabeçou, logo seguido pelos cunhados Caetaninho e Álvaro, uma lista destinada a angariar fundos para a aquisição de automóvel para o Dr. Vicente. A colecta excedeu os trinta contos, o que deu para a aquisição de um Volkswagen em segunda mão mas em muito bom estado…azul claro.

Aproveitando a presença do Dr. Vicente não resisto a recordar um acontecimento que jamais esqueceu e que iniciado com um sorriso nos lábios ia acabando mal. Perante um doente velhote cheio de rugas que encobriam muita porcaria foi lhe dizendo que ia ser internado mas não sem que antes tomasse banho o que foi imediatamente recusado sob a alegação de que já não tomava banho há muitos anos e tinha medo de que lhe fizesse mal. Cedeu à insistência do médico e ia morrendo de pneumonia!

FIGURAS

Dr. ANTONINO HENRIQUES


Nascido na Moura Morta em 1918, de origem modesta, que nunca renegou, foi pessoa de referência na educação nacional, começando como professor e mais tarde director das Escolas Eugénio dos Santos em Lisboa e Brotero em Coimbra, acabando como professor da Escola do Magistério Primário de Coimbra. Foi ainda professor do Instituto Industrial e Comercial de Coimbra e Director da Zona Pedagógica do Centro.

Colaborou graciosamente com a Comarca de Arganil (Zé dos Tojeiros e A.H.) e com o Poiarense.

Foi presidente do Rotary Clube de Coimbra e vice-presidente da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra.

Após 40 anos de serviço foi lhe reconhecido oficialmente mérito educacional como símbolo vivo da modernidade pedagógica.

Foi um grande impulsionador do ensino técnico nos concelhos circunvizinhos. Foi Cidadão Honorário de Arganil.

Pedagogo ilustre de elevada cultura, foi lhe prestada homenagem nacional em Coimbra após 44 anos de serviço, com cunhagem de medalha alusiva. Manifestação de grande significado a que tivemos oportunidade de assistir.

Baluarte das letras e da cultura, ficou registada no Poiarense de 19Fev92 a sua última e magnífica intervenção aquando do feriado Municipal do centenário da restauração do Concelho.

Ficou muito ligado a Ponte de Mucela por amizade com a família de Octávio Pedroso de Lima. Na Pensão Beira Alva conheceu e se enamorou de Ana Joaquina, filha de alentejanos que ali passavam férias regularmente.

Deixou grande espólio cujo destino desconhecemos. Faleceu em Coimbra em 18Fev92 e foi sepultado no cemitério da Igreja Nova.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

FIGURAS

MÃE SOLTEIRA


Hoje condição programada e naturalmente aceite pela sociedade, aqui há cem anos era situação embaraçosa.


A Joaquina, com a barriga a crescer e interpelada, dizia às pessoas que era um bicho procurando tapar o Sol com uma peneira!!!

Nasceu na altura própria, de seu nome Francisco da Fonseca, logo alcunhado de Bicho. Não era muito viciado no trabalho, mas era prestável, gostava de beber o seu copo que aperitava com malagueta, sempre que possível.

Foi concorrente do Zé Pequeno, já nosso conhecido, a fazer recados, mas especialista em “dar as voltas”. Naquele tempo não havia agências de viagens… Sem regresso! Era preciso “dar as voltas”, expressão que englobava todas as acções a desenvolver antes dos funerais (registo civil, certidão de óbito, combinação do funeral com o padre, a irmandade e o coveiro).

O Francisco da Fonseca foi ainda o cabo de ordens local (representante do regedor).

quinta-feira, 15 de julho de 2010

FACTOS

A CARÊNCIA DE ELECTRICIDADE


A Ponte de Mucela só tardiamente teve electricidade, e, mesmo assim, sobre a pressão dos Caetaninho e Octávio que para além de terem exercido as suas influências em Arganil encabeçaram um peditório que na altura ascendeu a cerca de 30 contos para comparticipação local.


Até aí as bebidas eram refrescadas num poço onde se mergulhava uma caixa de cerveja devidamente municiada. O poço lá está agora neutralizado.

Naquele tempo, principalmente de Inverno, as conversas à fogueira eram atractivo para quem não queria deitar-se com as galinhas.

Por vezes as cartas eram jogadas a espumoso, pago pelos perdedores e quando as coisas aqueciam surgiam novas soluções: recordo-me de ver abrir meia caixa (de lata) de palitos la reine tirar-lhe os papéis de embalagem apimentar os palitos e verter espumoso até ficar uma papa depois comida à colher!

A Ponte de Mucela muito hospitaleira sempre primou por ajudar quem necessitava. Na Venda, como na altura se chamava ao Café, fazia se questão de proporcionar alimentação a qualquer a qualquer hora, chegando-se a reabrir o estabelecimento já pela noite dentro. Octávio proprietário da Venda, de mão leve gostava de dizer que da Ponte de Mucela ninguém saía com vontade de comer, jogar as cartas ou levar porrada!

FACTOS

CHEGADA DA TV À PONTE DE MUCELA


Também o primeiro canal da TV, a preto e branco, chegou atrasada. Não me recordo da ordem, mas os pioneiros das redondezas foram os cunhados Caetaninho e Octávio.

FACTOS

À VOLTA DE 67 ANOS DE RÁDIO


A RDP vem comemorando 75 anos de Rádio que, à Ponte de Mucela, só chegou por volta de 1943 devido à inexistência de electricidade. Em plena 2ª Guerra Mundial era importante ouvir notícias e o Caetaninho resolveu o problema com uma bateria auto que era necessário recarregar amiudadas vezes. Pouco tempo depois Octávio seguia-lhe no exemplo sendo assim os pioneiros das redondezas.

FIGURAS

FILIPE


Cantoneiro na E.N. 17, vivia na Igreja Nova e era pessoa muito estimada devido ao seu bom feitio. Calmo e colaborante tinha bom relacionamento geral e familiar. Todavia em determinada noite à lareira, após desentendimento inesperado a mulher deu-lhe uma bofetada. Sem mais aquelas o Filipe pegou um cavaco e partiu um braço à mulher. No dia seguinte levou a Poiares para tratamento. Ao pagamento propôs-se pagar a dobrar, alegando que já ficava para a próxima!


È pertença de um seu filho a melhor vivenda da Igreja Nova.

FIGURAS

FRANCISCO CUNHA


De Mucela, imigrou para o Brasil ainda novo, onde construiu um empório dando a mão a muitos dos seus colaboradores, alguns dos quais também chegaram alto. Nunca esqueceu a sua origem modesta, vindo a Portugal com frequência.


Gostava muito de jogar a sueca, gosto que satisfazia na Ponte de Mucela com os amigos Caetaninho, Octávio e Álvaro.

Construiu um “arranha-céus” em Mucela, no qual acrescentou, à última da hora, um andar para poder ver a Ponte de Mucela!

Seu irmão Amadeu, felizmente ainda vivo, grande empresário no Rio de Janeiro, com casa e Mucela, por vezes também aparecia para uma cartada.

FIGURAS

JOAQUIM FERREIRA


Também conhecido por Joaquim Moleiro que foi durante muitos anos. Na rotina das voltas que dava à sua freguesia gostava de dormir a sua soneca, já que a sua mula conhecia bem a rota.


Em determinada altura foi interpelado pela polícia de trânsito que o convidou a soprar o dispositivo determinante da percentagem de álcool no sangue. Negou-se alegando que a mula é que é que deveria ser testada, pois ele dormira toda a viagem!

FIGURAS

ANTÓNIO COIMBRA


Também conhecido por António Marinheiro, boa figura e simpático, imigrou para Moçambique ainda novo onde viria a falecer de acidente, deixando muitas saudades. Intrépido, divertia-se descendo, de bicicleta e de joelhos sobre o selim, o muro do chafariz próximo de Mucelão.

FIGURAS

MÃE SOLTEIRA


Hoje condição programada e naturalmente aceite pela sociedade, aqui há cem anos era situação embaraçosa.


A Joaquina, com a barriga a crescer e interpelada, dizia às pessoas que era um bicho procurando tapar o Sol com uma peneira!!!

Nasceu na altura própria, de seu nome Francisco da Fonseca, logo alcunhado de Bicho. Não era muito viciado no trabalho, mas era prestável, gostava de beber o seu copo que aperitava com malagueta, sempre que possível.

Foi concorrente do Zé Pequeno, já nosso conhecido, a fazer recados, mas especialista em “dar as voltas”. Naquele tempo não havia agências de viagens… Sem regresso! Era preciso “dar as voltas”, expressão que englobava todas as acções a desenvolver antes dos funerais (registo civil, certidão de óbito, combinação do funeral com o padre, a irmandade e o coveiro).

O Francisco da Fonseca foi ainda o cabo de ordens local (representante do regedor).

FIGURAS

PADRE FRANCISCO LOPES DA COSTA


Nascido na Ponte de Mucela à volta da década de 1870, filho do fiscal das Obras Públicas José Lopes da Costa, um dos responsáveis pelo troço da EN 17 (troço este que passa pela Ponte de Mucela, atravessando a actual ponte - a primeira ponte, a jusante da actual, foi iniciada em 1298 por ordem do tesoureiro de D. Dinis, Pedro Salgado, e viria a ser boicotada em 1810 para dificultar a debandada dos franceses)


O Padre Lopes da Costa exerceu o sacerdócio em Antanhol onde deixou um vasto espólio que está a ser objecto de estudo com vista à edição de um livro ligado às actividades do Mosteiro de Antanhol, no qual teve um papel muito activo.

Exerceu também sacerdócio nas Paróquias da Igreja Nova e Moita da Serra, de onde foi transportado para a Ponte de Mucela em estado comatoso, possível consequência de um AVC. Veio a falecer na Ponte de Mucela por volta do ano 1941.

O Padre Costa, de boa figura, espirituoso e de geral simpatia, gostava de jogar cartas (“Oh cá! Oh cá!” dizia quando apanhava as vasas ganhas). Também gostava do seu copito, chegando por vezes a um alegrete, que chegou a causar dissabores.

Em dada altura, o Bispo de Coimbra tirou-lhe a missa. O Padre Costa foi ao mercado de Coimbra, comprou um cesto, encheu-o de sardinhas e conseguiu ser recebido pelo bispo que elegeu para o honrar como seu primeiro cliente na actividade que ia iniciar! O bispo devolveu-lhe a missa.

Sofria muito dos calos e o Caetaninho, já nosso conhecido e seu amigo, gostava de o acirrar, pisando-lhos por vezes. Tinha a mão leve e agredia imediatamente quem lhe parecia ter sido o agressor. O Caetaninho fugia do seu alcance e o Sr. Padre agredia quem estivesse mais à mão! Ficou célebre o diálogo: “Oh Padre Costa!”- disse o Barreirinhas da Portela, e aquele verificando o logro respondeu: “Já nem Santo António te a tira!”

O Doutor Costa Gaito (?), que vivia a uns bons quilómetros a Nascente da Ponte de Mucela, após jogatana animada e troca de palavras azedas, agrediu o Padre Costa, que se propunha ripostar. Os companheiros evitaram e o agressor saiu fininho. No dia seguinte, o nosso Doutor voltou à Ponte de Mucela, mas não teve tempo de abrir a boca, já que o Padre Costa, perguntando-lhe se estava satisfeito com a atitude da véspera e sem lhe deixar dar resposta, pegou-lhe pelo “cu das calças” e pela gola do casaco, propondo-se deitá-lo ao Alva que levava uma grande cheia. Por sorte, alguns dos companheiros da véspera conseguiram evitar o pior.

Voltaremos logo que tivermos novas informações sobre o Padre Costa.

domingo, 25 de abril de 2010

FIGURAS

Padre Eduardo Augusto Rodrigues

Parece aconselhável referenciar também o irmão José Augusto Ramos Rodrigues, tanto mais atendendo à actual baixa natalidade, que tanto preocupa quem se dedica ao estudo dos graves problemas daí resultantes.

Pai de 59 filhos (ambicionava o “moio” mas a morte surpreendeu o) sendo 28 dos casamentos e 31 bastardos.

Quando enviuvou o irmão aconselhou o a procurar uma mulher de 40 anos que o ajudasse a criar os filhos, respondeu lhe que arranjaria 2 de 20 pois preferia ouvir crianças a chorar a velhas a gemer!

Quando da sua morte aos 83 anos o filho mais novo tinha 3 meses e os seus descendentes ascendiam a 191!

Bom seria que este exemplo pudesse contribuir para o aumento da prolificação, em termos mais contidos naturalmente!

O RIO ALVA ESTÁ A MORRER

Parte de um dos melhores truteiros do Mundo está a correr grande risco de morrer devido à grande quantidade de barro arrastado pelas enxurradas das ribeiras da freguesia das Lavegadas: tornando-o impróprio para peixes, especialomente trutas, parecendo desnecessário evidenciar os reflexos negativos que daí resultam para o turismo.

Torna-se necessário e urgente regular o curso das ribeiras e proceder à limpeza do rio mediante sangra da Barragem das Fronhas.

As margens continuam por limpar bem como o pilar principal da Ponte de Mucela, situação nada lisonjeira para as edilidades de Arganil e de Vila Nova de Poeiras bem como para a Direcção da Hidráulica.

AVISO

Caros seguidores,

Sempre que queiram compartilhar connosco algo que gostassem de ver referido no blog, por favor não hesitem em contactar-nos.

O endereço de e-mail ponte.de.mucela@gmail.com está à disposição para receber todos os vossos "inputs"!

Obrigado

domingo, 28 de março de 2010

FIGURAS

JOAQUIM COSTA



Alto e forte (ossudo e de poucas carnes) terá morrido há cerca de quarenta anos, tendo à volta de 80. Boa alma, trabalhador, valente e desenrascado foi do Barreiro, muito frequentador da Ponte de Mucela, como então era habitual para as gentes das redondezas.



Ainda novo foi emigrante em Belém do Pará onde foi leiteiro ambulante. Naquele tempo as vacas eram levadas pelas ruas e o fornecimento era directo do amojo ao cliente , mugindo directamente para a medida: os clientes por vezes até bebiam pela mesma medida !



Uma vez apareceu-lhe um grupo de rapazotes dispostos a beber sem pagar: “ ó leiteiro bota aí meio litro”. Foi fornecendo e os “clientes” iam fugindo até ter concluído que os restantes já estavam ao alcance das suas capacidades físicas: “joguei dois contra si próprios , correndo os restantes à chapada – “ tap tap tap “ como dizia,



Por lá teve outras encrencas. A última foi com a polícia montada que costumava actuar aos pares. Preso pelo primeiro que surgiu foi avisando que fugiria logo que chegasse o colega e assim fez: montados colocaram-se um de cada lado e o JC com uma mão a cada estribo jogou-os dos cavalos a baixo espantando de imediato as cavalgaduras e pondo-se simultaneamente em fuga.



A vida tornou-se lhe difícil por aquelas bandas, mesmo conhecida que era a sua fibra. Decidiu regressar a Portugal sem delongas.



De volta dedicou-se à agricultura que mesmo naquele tempo já não produzia grandes proventos.



Por cá foi ficando e criando a sua prole, sendo actor de vários episódios, alguns dos quais a merecerem citação.



Teve um incêndio em casa. Só a sua valentia lhe permitiu salvar a mulher, não sem que tivesse ficado com um pouco de nariz a menos.



Um grupo de nómadas de passagem levou a roupa que a mulher tinha ao Sol. Foi na sua perseguição “só na companhia do seu cajado”, mesmo sabendo que do grupo faziam parte alguns homens. Horas depois estava de volta com os haveres que tinham sido roubados.



Andando a lavrar foi alertado pelo carteiro para uma carta que trazia em seu nome. “Eixe para diante, cartas são papeis”. Ó Ti Jaquim olhe que traz dinheiro! “ Aí-ou com dinheiro não se brinca”!



Como foi dito a agricultura não assegurava todas as suas necessidades, já que fumava, comia e bebia “bem”. Valia lhe a Ponte de Mucela onde nos dois estabelecimentos de então gozava do crédito necessário, cujos dois filhos, vendedores em Lisboa, regularizavam saldos quando o visitavam.

domingo, 7 de março de 2010

O ZÉ PEQUENO

Há cerca de 60 anos e com menos de metro e meio de altura, “aterrou” na Ponte de Mucela uma figura amável, simpática e solícita que vindo da Beira Alta, desde logo ficou assim apelidado Zé Pequeno. Já não era criança.


Na época, a Ponte de Mucela era muito mais movimentada: não havia os IP’s – o que obrigava a maior parte do trânsito do Norte a usar a famosa Estrada da Beira – já tinha bomba de gasolina, telefone público – único entre S. Martinho da Cortiça e Vila Nova de Poiares – automóvel de aluguer e duas camionetas de carga, três fornos de cal, padaria, fábrica de resina, estalagem, taberna, mercearia, moenda, lagar e dois carreiros (transportadores em carros de tracção bovina). As camionetas de carreira – assim se chamavam os transportes públicos de então faziam ali paragem obrigatória para reabastecimento dos passageiros – ainda hoje são recordadas as famosas sandes de vitela assada – carga e descarga para as redondezas especialmente passageiros destinados às três bruxas que então havia nos arredores. De tudo isto restam o telefone público, a moenda e um café!

Entretanto foram criados um antiquário, uma empresa de comercialização de materiais de construção e uma oficina auto, estando a ser revitalizada a União da Ponte de Mucela, pessoa colectiva de Utilidade Pública, há anos paralisada.

O industrial e comerciante José Serra Campos deu ao Zé Pequeno alojamento no anexo de um dos seus dois fornos de cal.

O bom do Zé Pequeno facilmente se acomodou e recados não lhe faltavam, especialmente por via das chamadas telefónicas com aviso prévio, alertando os destinatários das redondezas para as horas a que deveriam comparecer, bem como ensinando os caminhos para as três «clínicas» já referidas, recolhendo assim fundos para subsistir, indo a maior parte dos mesmos para vinho.

Desde o tempo das diligências a Ponte de Mucela tinha várias cocheiras (já que ali era local de muda de gado e reabastecimento) que eram disponibilizadas a troco do estrume das bestas para fertilização das terras. Grande parte do transporte de mercadorias era feita por galeras e carroças que ali pernoitavam. Chegavam pela tardinha, arrumavam, dessedentavam o gado no rio, traziam-no para as manjedoiras, para repasto e descanso. Os carroceiros dormiam por lá, nas cocheiras em tempo de frio, ou nas carroças em tempo quente, e por lá comiam os farnéis que traziam consigo, por vezes com reforço de uma sopinha comida na estalagem. Também por lá transitavam enormes rebanhos que, fugindo ao rigor do Inverno na Serra da Estrela, ficavam do Outono à Primavera, sendo muito bem recebidos, porque além de limparem a erva, também fertilizavam os terrenos, especialmente as ínsuas, para posterior sementeira.

O Zé Pequeno era pessoa de inteira confiança, excepto se tivesse vinho à mão: aí bebia até poder e a partir de então passava a dar vivas à República e ao socialismo, independentemente de quem estava presente, nunca tendo sido incomodado, apesar de então serem proibidas tais manifestações! Chamado à atenção respondia invariavelmente: vossas «inxelências» já sabem o meu fraco!

Em consequência das inúmeras pielas deu muitos trambolhões. O mais notado seguiu-se a uma soneca que o Zé Pequeno resolveu fazer no muro em frente do café, ao virar-se, julgando-se certamente na palhota, caiu para a calçada, e aqueles dois metros de altura deixaram-no em mísero estado.

Certo dia, o Zé Pequeno andava com uma daquelas habituais bebedeiras incomodando toda a gente, e foi corrido pela estrada acima, indo pernoitar numa cocheira do também conceituado Marinheiro (de seu nome António Joaquim Coimbra) tendo dado origem a um enorme incêndio, com consequências bem desagradáveis. Por vezes tinha as suas maleitas, e as pessoas diziam-lhe que não tinha juízo, e que mais tarde ou mais cedo 2embarcava”. E ele lá se recompunha – mais copo menos copo – e sempre dizia: “Eu morro no mesmo dia do Sr. José Serra”, que muito estimava. E assim foi, morreram os dois no mesmo dia.

FIGURAS - GENTE QUE DEIXOU RASTO

É a secção que vamos iniciar, dedicada a pessoas que não sendo ou não tendo vivido na Ponte de Mucela por lá deixaram referências mais ou menos válidas que merecem menção.


Começaremos por António Coimbra que foi de S. Martinho da Cortiça, dos mais conceituados motoristas da empresa automobilística arganilense. Um dos que, quando havia lugares em excesso, dava boleia aos miúdos que andavam na escola de Mucela e assim deixavam de ir a pé como era habitual.



Há mais de 50 anos, descia a Serra de São Pedro Dias para a Ponte de Mucela, uma camioneta de carreira da Arganilense, conduzida pelo conceituado motorista António Coimbra, que foi de São Martinho da Cortiça.

Já perto da Portela e por avaria na direcção, houve que imobilizar a viatura o que só a muito custo foi conseguido e com as rodas da frente fora da estrada – nessa altura bem mais estreita – e em equilíbrio precário. Valeu a calma e decisão imediata do motorista ao ordenar aos passageiros a sua mudança para a traseira da viatura até que aparecesse socorro. Assim foi evitado um desastre de consequências drásticas, já que o respectivo local é a ribanceira mais íngreme e funda da descida em apreço.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Por mais que queiramos o Jornal de Arganil não dá notícias sobre a Ponte de Mucela. Nem sequer na notícia do todo-o-terreno que por lá passou, e de que publicou uma óptima fotografia com concorrentes atravessando a ponte sobre o Alva, julgou oportuno referir o nome da dita.


No entanto publica muitas notícias de grande interesse como a que se segue sobre o Zé-do-Boné:



Muito se tem dito sobre as reconhecidas virtudes de Pedroto, mas pelos vistos foi omitida uma virtude que não terá sido das menos eficazes!



Assim escreveu Neves e Sousa no DIÁRIO DE LISBOA:

“HOMEM AVANÇADO NO TEMPO

Pouca gente soube que o saudoso José Maria Pedroto esteve a um pequeno passo de ser treinador do Sporting quando João Rocha era presidente do clube de Alvalade. Tudo estava acertado, pormenor por pormenor, até à mais ínfima partícula de um documento que vinculava as duas partes, pelo menos durante uma temporada futebolística. Porém no dia em que estava aprazada a assinatura dos papelinhos, Pedroto travou o gesto e, subitamente, disse para o “leader”: verde-branco:

- Esqueci-me de lhe lembrar, mas falta aqui uma cláusula. Está tudo certo, tanto em relação aos meus prémios como aos meus vencimentos, o caso apartamento e do carro às ordens, tudo muito bem. Mas o senhor presidente esqueceu-se do que eu lhe tinha dito logo no primeiro encontro: só vou para um clube que dê garantia de contar com os árbitros. (O sublinhado é meu).

- Como? (indagou João Rocha, nessa altura ainda pouco habituado a saber o que era certa fatia da arbitragem). «Não percebo…»

Pedroto meteu a caneta na algibeira levantou-se e apenas disse: «quinze mil são para mim mas para os árbitros são precisos outros tantos (O sublinhado é meu).

Caso contrário o Sporting só ganha o campeonato lá para o fim do século…»

O contrato acabou por não ser assinado. Pedroto Para outra latitude mais compreensiva. O Sporting continua a ver navios.”



Mais tarde, No JORNAL DE ARGANIL e sob o título AINDA HAVERÁ DÚVIDAS? Armando Duarte Galvão escreveu:



«E qual terá sido esse rumo? Está mesmo a ver-se não está?

Pedroto como treinador do Futebol Clube do Porto. era por vezes polémico, usando a ironia, o sarcasmo, para denegrir os adversários. Pelos vistos seria o par prefeito de Pinto da Costa, porque as qualidades de ambos parece que coincidiam literalmente. Dizem os entendidos que «foi o técnico mais importante e emblemático da história do Futebol Clube do Porto, conseguindo, primeiro leva-lo no final dos anos 70 ao título após 19 anos de jejum, e depois criar as bases que levaram a colectividade à mais poderosa do futebol nacional nas duas últimas décadas do século XX»

Pois, pois… Criar as bases, e, a seguir, como imaculada bola de neve sempre a rolar e a aumentar, ganhar riqueza, ganhar capacidade financeira para comprar «tudo», ganhar títulos, ganhar prestígio, enfim ganhar tudo o que fosse possível para ser «a colectividade mais poderosa do futebol nacional nas duas últimas décadas do século XX» - custasse o que custasse!...

Enfim!... « O apito dourado» de hoje será apenas um ínfimo reflexo do que terá sido a mentira futebolística de ontem – um ontem que se vem propagando para lá das duas últimas décadas do século XX!...

Claro que eu não vi nada, não sei nada, não confirmo nada, mas … ainda haverá duvidas?...





Depois das transcrições supra aproveito para sugerir que depois dos pitos e dos apitos que por aí soaram sem quaisquer consequências visíveis, o pedido apito vermelho passe a ter todas as cores do arco-íris!...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Por lembrança que nos foi remetida, estamos a recolher mais referências sobre os reverendos padres Eduardo e Costa que a seu tempo também contribuíram para a projecção da Ponte de Mucela e que, lamentavelmente, ainda não referimos.

REPORTAGEM NA RTP

A RTP1 através do jornal da tarde do passado dia 3 mostrou uma reportagem sobre as belezas do rio Alva, relevando a vizinha MOURA MORTA (e porque não passar a chamar-se MOURA DO ALVA ?) mas omitindo a PONTE DE MUCELA, cujo poente também faz parte da freguesia das LAVEGADAS, não citando a projecção mundial do truteiro RIO ALVA, a despeito da grande carência de limpeza das respectivas margens, a requerer a atenção dos edis de ARGANIL e de VILA NOVA DE POIARES.